Tivemos recentemente o caso da garota de 09 anos, moradora da cidade de Alagoinha (PE), que foi estuprada pelo padrasto e foi submetida ao aborto. Ela estava grávida de gêmeos e com 4 meses de gestação. Segundo declarações feitas pela polícia a criança já havia confessado que era abusada sexualmente pelo padrasto desde os 06 anos de idade. Ele responderá pelos crimes de estupro, pedofilia e aliciamento. A interrupção é permitida nesse caso, pois está prevista no art. 128, II do Código Penal que não se pune o aborto praticado por médico “se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal”.
Mas a questão é: será que o aborto é mais grave que o estupro?
Para o arcebispo de Recife e Olinda, D. José Cardoso Sobrinho, sim, é mais grave.
A garota tinha apenas 1,36 m de altura e pesava apenas 33 quilos. Ela não possuía estrutura de prosseguir com a gravidez e “poderia trazer riscos à sua vida, pois não tinha o aparelho reprodutor completamente formado, como também ter uma seqüela definitiva e não poder mais engravidar”, diz o diretor do Cisam (Centro de Saúde Amaury de Medeiros – local onde o aborto foi realizado). Além de fazer essa afirmação, o advogado da Arquidiocese de Olinda e Recife Márcio Medeiros teve uma conversa, ontem, com o arcebispo Dom José Cardoso Sobrinho para discutir sobre a possibilidade de entrar com uma denúncia no Ministério Público Estadual contra a equipe médica e todas as pessoas que tiveram envolvimento no aborto dos gêmeos. A idéia é denunciar os envolvidos por crime de homicídio.
E mais, o arcebispo não excomungou o padrasto que, na minha opinião, cometeu um crime gravíssimo e sim os médicos e todas as pessoas envolvidas no processo, alegando que a lei de Deus está sempre acima da lei dos homens. Por mais que os doutrinadores digam que não há lei maior que a norma fundamental venhamos e convenhamos que muitas das nossas normas estão inspiradas na lei de Deus, mas, acredito eu, que Deus não quer que uma criança corra risco de morte por causa de uma gravidez que estava pronta, resultante de um sofrimento que não escolheu ter. Se for pra colocar o estupro e o aborto em uma balança, o estupro pesará mais, porque o aborto é apenas uma tentativa de reparar o dano que essa criança recebeu, porque seqüelas sempre existirá para ela.
O que vocês acham?
Um comentário:
Concordo André com o seu posicionamento. O estupro já traz danos inrreparáveis a vítima, de forma psicológica, física, dentre outros. O aborto vem justamente pra aliviar um dos danos causados, o que significa a ausencia do dano. Entendo o pensamento do arcebispo por eu ser cristã, mas também sei que Jesus nos mandou dá a Cesar o que é de Cesar, e que ninguém está no poder se essa não for a vontade de Deus. Então, creio que ele errou ferozmente quando "esqueceu" que temos de ser regidos pelas leis dos homens, onde uma criança de 9 anos era a vítima.
É fácil dizer a alguém que abordo é errado. Difícil é estar carregando dentro de você o fruto de uma violência brutal e sem tamanho.
Espero que o arcebispo tenha perguntado a criança como ela se sentia, e ela ter dito que queria aquela criança, e que ela realmente seduzia o padrasto desde os 6 anos, pois só isso justificaria um posicionamento tão radical como o dele.
É uma pena que a igreja ainda pense de forma tão absurda.
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